sexta-feira, 26 de abril de 2013

Catequese, Protagonismo Indígena e Inculturação




Na cidade maravilhosa de Manaus estão reunidos indígenas e não indígenas, vindos de diversos lugares de nosso querido Brasil! São pessoas especiais, amadas por Deus. São amantes da vida, das histórias e sonhadores de uma nova vida. Quem não é indígena, deixa-me dizer, não fique com ciúme. Ser indígena é ser uma pessoa especial. Indígenas tão bonitos, elegantes e maravilhosos como nós, tornam o mundo mais bonito. Povos indígenas são ricos de carinho e amor.

Nossas aparências e os nossos corações são indígenas. Nossas culturas são riquezas, são dons de Deus para nós e para o mundo. Nossas culturas foram construídas com carinho pelos nossos avós. O Criador-Grande-Deus colocou nos corações indígenas o amor, a sabedoria e a inteligência para criarmos coisas novas. Amigos e amigas indígenas, Jesus conta conosco para sua Missão.

Ele não quer trabalhar sozinho, quer trabalhar conosco, pois Ele é indígena também.  Ele aposta nas nossas qualidades e capacidades.  Por isso, ele disse: vão pelo Brasil inteiro e anunciem a Boa Nova a todos os povos. Viagem de canoa, de voadeira, de carro, de jumento e até mesmo a pé.  Ele disse: anunciem a partir de suas culturas e suas línguas. Jesus é a energia que corre no sangue dos leigos catequistas, padres, irmãs, bispos...

Com Jesus tornamo-nos homens e mulheres corajosos e santos. Com Jesus tornamo-nos pessoas iluminadas e de muitas forças. Aqui nesse lugar alegres cantamos com nossas línguas e dançamos com nossos ritmos.
 
Somos protagonistas na catequese e inculturação do jeito como compreendemos até o momento. Mas compreendendo mais faremos melhor e de outro jeito. Ser protagonista significa estar movido pela alegria.  Alegria que nos faz vibrar pela vida, pelos nossos trabalhos. 

Que bonito foi o dia de hoje!  Como bons indígenas partilhamos nossos trabalhos, contamos coisas engraçadas. Transmitimos a mensagem de forma simples do jeito como Jesus faria. Nós entendemos cada mensagem transmitida e achamos graça à vontade. 

Os nossos bispos também estão no meio de nós, com muita simplicidade, e nem dá para saber que são os bispos, eles acabam-se confundindo no meio dos leigos indígenas. Eles querem aprender, sonhar conosco de maneira indígena. Eles são os nossos avôs, nossos pais, nossos irmãos maiores, são os pajés, xamãs...
 
Nossos assessores tão simples, mas muito sábios nos ajudaram a entender as histórias do passado e do presente.  Eles são pesquisadores e nos ensinaram que o Passado é a nossa Memória, não podemos abandoná-lo, pois nos ensina muitas lições de vida para o presente.  
O presente é Dom de Deus, devemos vivê-lo intensamente, com alegria. O futuro é Mistério e para lá nós sonhamos vidas melhores. Catequese é valorização da vida, é viver a vida como ela merece ser vivida.  Nós somos seres históricos, seres em construção. No passado tivemos muitas histórias sofridas e muitas histórias bonitas que nos dão alegria. Agora nós somos protagonistas de nossas histórias atuais.
 
Para cada um de nós e para cada comunidade cabe a Missão de  construir histórias bonitas. Hoje perguntemos: o que queremos com as nossas vidas indígenas? O que queremos com a catequese? 

É hora de construirmos histórias novas. Juntos: bispos, padres, irmãs, catequistas e com agentes de pastorais, Juntos: pessoas das pequenas comunidades e pessoas que vivem nas cidades. Vamos construir histórias bonitas, muitas histórias bonitas. Os milagres das vidas e dos trabalhos já estão acontecendo. Cada indígena que partilhou suas experiências,  falou a partir de seu coração, de sua emoção, de seus sofrimentos, de suas superações.
 
Alguns indígenas ficaram emocionados, estavam com vontade de derramar lágrimas, mas seguraram e outros estavam com vontade de sorrir à vontade. Nossas vidas ficam bonitas na medida em que vamos conhecendo as pessoas. É importante conhecer, cumprimentar, contar nossas histórias e ouvir as histórias dos outros. 

Somos indígenas e não indígenas com a mesma vontade, vontade louca de fazer o bem, fazer bonito em meio aos povos indígenas e com os indígenas! 

Pe. Justino Sarmento Rezende 

Fonte: Blog Catequese e Bíblia - CNBB

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